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quinta-feira, 23 de junho de 2011

Princípios Básicos de Investimento

Hoje vamos falar um pouco sobre alguns cuidados básicos que o investidor deve ter ao entrar no mercado de ações.

Ponto 1: Conhecer o seu perfil
É fundamental que o investidor realize seus investimentos de acordo com o seu perfil para evitar prejuízos futuros. Se os objetivos forem para efetuar um complemento da aposentadoria, este investidor deverá direcionar seus recursos para ações de menor volatilidade (atuam em mercados maduros) e que pagam bons dividendos. No caso do investidor ter como objetivo auferir grandes lucros deverá optar por empresas que iniciam sua atividade operacional em um mercado promissor. Mas, este investidor agressivo deverá ter consciência que existem grandes riscos e ele poderá auferir grandes prejuízos se a empresa não obtiver sucesso no novo negócio.

Ponto 2: As notícias
As notícias estampadas nos jornais operam com um atraso em relação à resposta do mercado. Explicando: o mercado provavelmente já precificou aquelas notícias estampadas nos jornais. O mercado financeiro funciona antecipando as condições econômicas e financeiras de uma empresa e das variáveis macroeconômicas do país.

Alguns temas dominam a volatilidade dos mercados e afetam mais o desempenho do mercado acionário: Balança de pagamentos, desempenho da economia, inflação, taxa de juros.
A Balança de pagamentos reflete o desempenho das contas do governo na sua interação com o mundo e divide-se em transações correntes (como nosso país interage comercial e financeiramente com o mundo) e conta capital (como nosso país financia sua interação com o mundo).
As transações correntes dividem-se em balança comercial (importações e exportações), balança de serviços (juros, dividendos, viagens internacionais, fretes, royalties) e transferências unilaterais (remessa de recursos para o exterior para familiares no exterior).
A conta capital divide-se em empréstimos e financiamentos e investimentos diretos.
Notícias sobre o superávit das transações correntes, aumento nos investimentos diretos, queda do custo da dívida, diminuição do déficit fiscal são sempre acompanhadas de otimismo do mercado de ações. Elas refletem um equilíbrio nas contas do governo.
O equilíbrio das contas internas tem reflexo imediato na balança de pagamentos. O resultado das contas internas pode-se resumir no seguinte:
Resultados de impostos, taxas e contribuições – despesas com pessoal – transferências e subsídios – investimentos = resultado primário (superávit primário ou déficit primário).
Resultado primário – despesas financeiras com a rolagem da dívida = resultado fiscal.

O principal problema brasileiro é o déficit fiscal, que pode ser financiado com a emissão de moeda, aumento de impostos ou empréstimos à sociedade através dos títulos públicos. O mercado não vê com bons olhos essas modalidades de financiamento, já a utilização de superávit primário com a diminuição dos custos da máquina pública é exigência do mercado.
Portanto, o equilíbrio da balança de pagamentos e das contas internas através do superávit primário é fundamental para um bom desempenho do mercado de ações.

No Brasil, o processo inflacionário é causado pelo aumento dos custos de produção e pela inflação inercial que é causada pela grande indexação da economia brasileira. Outro fator que também produz inflação é a emissão de moedas sem uma contrapartida de geração de produção.
O processo inflacionário produz altas taxas de juros que interferem no humor do mercado. Os investidores preferem colocar dinheiro em títulos públicos com as elevadas taxas de juros do que arriscar em investimentos na produção correndo o risco de margens apertadas.
A elevação de juros é devido a um processo inflacionário ou a percepção do mercado de um maior risco no pagamento de dívidas e exigência de taxas maiores para financiar o déficit público.

Ponto 3: comportamento do investidor
Dois comportamentos importantes que o investidor deve adotar é analisar o momento econômico e financeiro do país através da balança de pagamentos e do controle interno de suas contas. Além disso, quando visualizar que a compra do ativo não foi acertada, deve imediatamente vendê-lo.

Deixo um abraço para todos e até o próximo post, onde vamos falar sobre a análise fundamentalista e análise técnica.







 

sábado, 18 de junho de 2011

Lições de Warren Buffet

Vou tentar resumir aquelas que eu considero as principais lições do megainvestidor Buffet:

  1. As pessoas deixam de pedir um preço alto por um negócio, por achar que será visto como mesquinho e ganancioso. Peça e talvez receba.
  2.  É mais fácil evitar problemas que se livrar deles.
  3. Quando for comprar uma ação, analise o valor da empresa faz sentido. Não se limite apenas em analisar o valor da ação, mas da empresa como um todo.
  4. Warren procura uma empresa boa que esteja sendo vendido por preços razoáveis. Uma empresa ruim, mesmo que vendida por pechincha é evitada.
  5. As melhores empresas são aquelas que não precisam de muito dinheiro para investimentos.
  6. Para ser um bom investidor, você deve ser um bom homem de negócios e saber distinguir uma empresa boa de uma empresa ruim.
  7. O comportamento simples é mais eficaz, portanto, análises complexas não são sinônimo de resultados positivos.
  8. A diversificação em excesso é uma proteção contra a ignorância.
  9. Você só precisa de poucos acertos (golfe – o mercado de ações é um jogo de paciência, não é preciso dar tacadas o tempo todo).
  10. Se você acha que investiu errado, a pior decisão é continuar com o investimento.





    sexta-feira, 17 de junho de 2011

    Finanças Comportamentais II

    Continuando o artigo anterior sobre finanças comportamentais, iremos discutir sobre outros fatores que influenciam os investidores na sua tomada de decisão e podem levá-lo a tomar um posicionamento que não é a opção mais rentável.

    O quarto fator a ser estudado é o viés da auto-atribuição que leva o indivíduo a se gabar de decisões que resultaram em sucesso e atribuir a fatores externos seus resultados negativos. Além disso, quando a carteira registra ganhos, a tendência é transacionar mais no período subseqüente revelando um excesso de confiança, que leva o indivíduo a acreditar que pode prever o movimento dos mercados.

    O chamado timing de mercado já foi comprovado através de estudos que é estatisticamente improvável, eliminando qualquer possibilidade de sucesso no investidor baseado em acertar o melhor momento de entrar no mercado.

     O excesso de confiança é talvez o viés de comportamento que possui maior número de estudos confirmando a sua existência.

    Outro desdobramento do excesso de confiança é que o indivíduo que sofre do excesso de confiança tem o pior desempenho de sua carteira quando comparada a investidores com menor grau de confiança. O resultado positivo de suas aplicações leva o investidor com excesso de confiança a transacionar mais e conseqüentemente, as suas perdas aumentam e também a manter em carteira os ativos perdedores pela dificuldade em admitir que tomou uma decisão errada.

    O quinto fator é a relação entre a informação e o sucesso na tomada de decisão. Estudos apontam que decisões acertadas são tomadas com base em um número limitado de informações, porém informações significativas e relevantes. O pesquisador Oskamp, da Universidade de Stanford, conduziu um estudo revelador que apontou que o excesso de informações altera muito pouco a qualidade da decisão e a possibilidade de realizar um julgamento certo.

    No mundo informatizado que vivemos este viés talvez seja o mais significativo, pois, atualmente o investidor é submetido a uma enorme gama de informações, muitas delas irrelevantes que só congestionam o sistema mental.

    O analista de mercado Hugo Penteado disse: “O mercado é minimalista. Foca a atenção em um punhado de temas. A evolução desses quatro ou cinco fatores determina 90% do movimento dos principais ativos.”

    É importante saber coletar as informações relevantes. Penteado demonstrou que em 2008, ocorreram movimentos significativos de mercado ao redor de três temas: Recessão nos EUA, inflação no Brasil e o preço das commodities no mercado internacional. O investidor que concentrou sua atenção nessas informações, e tomou suas decisões balizadas nelas obteve maior sucesso.

    O sexto fator é a ancoragem que é a tendência do investidor focar a atenção em um número (informação recente) e tomar como referencia para as suas decisões. O preço que pagamos por uma ação hoje será usado como âncora para analisarmos se o valor foi alto ou baixo. Esse viés justifica a análise técnica em operações de curto prazo. Somos influenciados pelos preços praticados no mercado,sejam eles justos ou não, e a partir da referência criada fazemos as ajustagens para acharmos o nosso preço justo.

    Com esse segundo post, encerramos o assunto Finanças Comportamentais. Lembro ao querido leitor que o assunto é vasto e existem outros viés que também podem prejudicar a tomada de decisão do investidor. Recomendo o excelente livro de Aquiles Mosca, de fácil entendimento e bastante completo. Até a próxima.




    domingo, 12 de junho de 2011

    Finanças Comportamentais I

    Finanças Comportamentais

    A fragilidade da hipótese dos mercados racionais é comprovada com várias estatísticas do mundo real – 90% dos investidores que começam a operar na bolsa de valores não obtêm o sucesso esperado e retornam para a renda fixa.
    Então, a teoria que levanta a hipótese de um mercado racional onde seus agentes tomam sempre a melhor decisão baseado em informações disponíveis pode e deve ser discutida.
    As Finanças Comportamentais vão buscar no processo evolutivo humano a resposta a tomada de decisão irracional dos agentes de mercado, já que a informação e os modelos econômicos estão ao alcance de todos os investidores.
    Essa suposta eficiência dos mercados encontra seu ponto fraco em tendências comportamentais inatas e na sua maioria inconscientes relacionadas ao próprio processo evolutivo do ser humano.
    O processo de tomada de decisão passa por três fases: Percepção, Avaliação e Decisão. A teoria comportamental sustenta que as duas primeiras fases são fortemente influenciadas por fatores emocionais relacionados ao processo evolutivo humano e em sua grande parte, inatos e inconscientes que levam o investidor a tomar decisões fora do campo da racionalidade da teoria econômica.
    Pesquisa realizada na Universidade de Cambridge revelou que os três principais medos das pessoas, em escala mensurada de 0 a 100, são: medo de falar em público (80%), medo de não ter recursos financeiros suficientes para o sustento (69 %) e medo da morte (65%). O resultado do estudo revela que o medo quanto ao futuro financeiro é maior que o medo de morrer, o que leva o investidor a ter aversão a perder dinheiro.

    A primeira tendência comportamental que tem influência no processo decisório de investimentos é a Representatividade. E o que vem a ser representatividade? Informações recebidas no presente ou em um passado recente têm grande influência em nossa capacidade de julgamento.
    Uma das ferramentas de controle de risco é a diversificação e balanceamento da carteira. O investidor coloca porcentagens fixas em aplicações de renda variável e renda fixa. Por exemplo, após a análise de meu perfil e meus objetivos, resolvo colocar 30% em renda variável (Bolsa de Valores) e 70% dos meus investimentos em renda fixa. Ao ler nos jornais que a Bolsa de Valores está se valorizando e se realmente acontecer o aumento do valor das ações, a porcentagem em renda variável aumentará em minha carteira. Entretanto, influenciado pela ganância e pela informação recente de alta dos mercados, a pessoa não realiza o rebalanceamento da carteira, o que possibilitaria vender as suas ações na alta e, em um movimento inverso, comprar as ações na baixa – procedimento tão básico, mas tão difícil de ser executado devido a influência fator da Representatividade na tomada de decisão.

    O segundo fator a ser estudado é o que a teoria comportamental das finanças convencionou chamar de Saliência. O que vem a ser saliência?
    Saliência diz respeito a fatos raros que saltam aos olhos do observador devido a grande exposição na mídia e se não tivessem recebido esse tratamento dos jornais provavelmente não deveriam ter importância no processo decisório devido a pouca aderência que deveria ter na fase de julgamento. Ocorre porque as pessoas dão maior importância a histórias do que a estatísticas.
    Exemplo típico são os acidentes aéreos que são amplamente repercutidos na mídia e que, após a sua ocorrência, verifica-se um aumento significativo no cancelamento das passagens aéreas. Recorrendo a estatística, verificamos que existe uma probabilidade de 0,0000028% de um segundo avião da mesma empresa cair, portanto, a decisão de cancelamento da passagem aérea não é um comportamento racional.
    O fator da saliência está fortemente relacionado ao contágio, que pode ser explicado no exemplo anterior, quando as pessoas cancelam também as passagens de outras companhias aéreas.

    O terceiro fator a ser discutido é o movimento de Manada, que se justifica no comportamento inato de tomar a decisão mais fácil que neste caso é seguir o grupo, além claro da tendência comportamental de seguir as decisões do grupo.

    Vamos estudar as bolhas de mercado à luz dos fatores até agora discutidos.
    O primeiro fator age nas bolhas de mercado quando o investidor verifica que as ações estão subindo, então, ele extrapola para o futuro que as ações continuarão a subir. Quando a mídia começa a noticiar os grandes ganhos com o mercado ocorre o segundo fator comportamental (Saliência), onde o relato de pessoas que estão ficando ricas com o mercado tem maior influência do que os fatores estatísticos (aumento dos ativos que não se sustentam em fundamentos econômicos). Ninguém quer ficar de fora, então começam a comprar motivadas pela força do grupo (Efeito de Manada).
    Importante ressaltar que o maior combustível para o efeito de manada é o medo de ficar pobre enquanto membros de sua comunidade estão enriquecendo.
    Encerramos por aqui esse artigo, importante salientar que todas as informações foram retiradas do excelente livro de Aquiles Mosca, Finanças Comportamentais.